“Sou tendencialmente favorável à mudança da bitola”
Reportagem

“Sou tendencialmente favorável à mudança da bitola”

António Topa Gomes. Deputado do PSD na Assembleia da República

O deputado parlamentar António Topa Gomes, ex-vereador da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, considera “pouco claros” os planos traçados para a Linha do Vouga.

“Por um lado, afirma-se que a bitola se deve manter métrica, por outro assegura-se que deve ser integrada na rede de comboios suburbanos, o que obriga a uma maior articulação com a Linha do Norte. Em termos futuros, fala-se de um sistema de ferrovia ligeiro, admitindo um cenário de light rail transit”, avança, afirmando ser “um cenário que tem de positivo a manutenção em funcionamento da linha, mas sem projeto e estratégia claros a longo prazo”.

Quanto à questão da bitola, mostra-se “tendencialmente favorável à mudança, de forma que os comboios possam entrar diretamente na Linha do Norte, integrando a rede de suburbanos do Porto”, uma solução que “obrigaria à requalificação da infraestrutura, incluindo a correção do traçado e a eletrificação; e garantiria uma ligação a Espinho, primeiro, e ao Porto, em tempos razoáveis – pouco menos de uma hora a partir de Santa Maria da Feira –, tornando o comboio um meio de transporte interessante para o Concelho; ao assegurar a ligação à Linha do Norte, assegurava também a ligação a Lisboa, o que é uma grande vantagem”.

Face à exploração turística atual da Linha do Vouga, António Topa Gomes classifica-a como um “mercado interessante”, porém, “considerando a falta de transporte público do Concelho para o centro metropolitano”, julga “ser preferível privilegiar a mobilidade, dando ênfase à eficácia e à rapidez do transporte de passageiros”.

O deputado recorda “a passagem descentrada da linha relativamente ao centro de Santa Maria da Feira” para apontar que uma solução “alternativa, mais económica, podia passar pelo tram-train – comboio-tranvia – quepoderia passar pelo centro de algumas povoações”, aponta, ainda que a considere “menos interessante para S. João da Madeira e Oliveira de Azeméis, uma vez que aumentaria o tempo de percurso”.

Sucintamente, António Topa Gomes, doutorado em Engenharia Civil, refere que um investimento avultado na Linha do Vouga “faz sentido se garantir uma ligação rápida, confortável e eficiente à Linha do Norte”, sendo a questão do interface de ligação, em Espinho, “menos vantajosa”. “Aumentaria o tempo de percurso de dez a 15 minutos, o que tornaria o comboio menos eficiente e, por conseguinte, teria menos capacidade de atrair passageiros”.

“É importante referir que uma das condições necessárias para investir na Linha do Vouga é ter a garantia de que há um aumento significativo da procura, que é atualmente muito reduzida, pouco mais de um milhar de passageiros por dia, pelo que a questão da eficiência do transporte deve ser um ponto central na nova solução”, prossegue.

Enquanto deputado, assegura que fará o que estiver ao seu alcance para “ajudar a concretizar a solução mais interessante para o território”. “É preciso que o plano de eletrificação e correção do traçado, apresentado para ser concretizado a médio prazo, seja antecipado. É totalmente compatível com o atual PFN”.

Perante a demissão do ex-ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos, um dos políticos que ‘conduziu’ a temática, António Topa Gomes refere que “mesmo na sua presença, nenhum investimento visando a melhoria da qualidade da linha foi feito”. “Aliás, as tão propaladas obras na Linha do Vouga, em curso, mais não são do que obras de manutenção corrente, que garantem a segurança de operação da via; não introduzem qualquer melhoria relevante, portanto não será por isso que a situação se agravará”.

Janeiro
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Marcelo Brito
JORNALISTA | Curioso assíduo, leitor obsessivo, escritor feroz e editor cuidadoso, um amante do desporto em geral e do futebol em particular.
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