Fogaça em realidade aumentada custou quase 25 mil euros
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Fogaça em realidade aumentada custou quase 25 mil euros

Feita com materiais sustentáveis, a escultura de uma fogaça em realidade aumentada, instalada na rotunda em frente ao Hospital de S. Sebastião, em Santa Maria da Feira, custou aos cofres da Câmara Municipal um total de 24 mil e 550 euros. Tem 3,5 metros de diâmetro e 2,4 de altura. É ecologicamente sustentável, 100% reciclável, e o vereador da Cultura do Município considera o valor adequado a uma conceção inovadora, à execução e à montagem

Há uma peça escultórica que não passa despercebida a quem entra na cidade de Santa Maria da Feira, junto à rotunda em frente ao Hospital de S. Sebastião. Trata-se de uma fogaça construída numa escala aumentada, contratada pela Câmara Municipal.

Por ajuste direto, justificado pela “ausência de recursos próprios”, a Autarquia adquiriu os serviços da empresa espinhense António Castro – Artistic & Interactive Illumniations, Lda., por 19 mil e 960 euros pela peça em questão, valor ao qual acresce IVA a uma taxa de 23%. Contas feitas, a fogaça gigante custou um total de 24 mil e 550 euros.

A obra foi adquirida “de forma a homenagear o pão doce secular em três eixos, como elemento ex-líbris do património gastronómico” do Concelho, explica o vereador da Cultura, Gil Ferreira, estando “na base da designação Santa Maria da Feira – Cidade Criativa da Gastronomia UNESCO, na salvaguarda do património enquanto produto com Indicação Geográfica Protegida, e símbolo votivo da secular Festa das Fogaceiras, que tanto nos preenche de orgulho”, prossegue.

O local, a rotunda em frente ao Hospital, justifica-se “por ser um dos pontos principais de entrada da Cidade e por reunir condições técnicas para a sua instalação”. A peça denominada ‘A Fogaça’ foi idealizada para ser instalada no espaço público de Santa Maria da Feira “a cada mês de janeiro, até ao dia 31, sempre no âmbito da Festa das Fogaceiras”. Porém, “face ao elevado número de contactos que pedem que a peça ganhe lugar a título permanente”, é algo que os responsáveis da Câmara Municipal ainda irão avaliar num futuro próximo.

Na publicitação do Município, nas redes sociais próprias, da instalação da obra, encontram-se elogios, mas também críticas menos positivas, por parte da população feirense, nomeadamente relacionadas com o custo. Gil Ferreira aponta à relevância em considerar “que se trata de uma peça com materiais sustentáveis, lacada, com dimensões consideráveis, de 3.500 milímetros de diâmetro e 2.500 de altura”, ou seja, 3,5 metros de diâmetro e 2,4 de altura.

O acabamento consiste em “tecelagem de fibras minerais, colorização nos tons da Fogaça da Feira e revestimento protetor envernizado, do lado exterior da peça”.

Quanto às críticas, o vereador Gil Ferreira diz ser “normal que haja sensibilidades diferentes em termos de apreciação”. “Além do simbolismo que encerra em si, a peça evoca também os valores da inovação e da sustentabilidade, uma vez que é ecologicamente sustentável e 100% reciclável”, prossegue, considerando “o valor adequado a uma conceção inovadora, execução e montagem de uma obra de arte pública”.

Encontram-se ainda críticas populares que apontam que a fogaça em realidade aumentada tem as suas torres achatadas. O autarca recorda que “tem as quatro torres”, referindo que “a estética de qualquer fogaça, geometricamente, não é perfeita”. “A confeção da Fogaça da Feira é um trabalho artesanal e a peça evoca esse caráter”.

Três contratos num total de 217 mil euros

Nesta que é uma homenagem à identidade do povo feirense, a peça A Fogaça foi requisitada à empresa também responsável pelas iluminações de Natal do Município dos últimos dois anos. Então, a sociedade unipessoal localizada na Rua 25, em Espinho, constituída em 2019, é detentora de três contratos com a Câmara Municipal, entre 2021 e 2022, segundo o portal BASE, encaixando um total de – IVA incluído – 217 mil e 654 euros.

Enquanto a peça A Fogaça foi contratualizada por ajuste direto, a iluminação de Natal de 2021 baseou-se numa consulta prévia, custando pouco mais de 91 mil euros, e a de 2022 após concurso público, no total de 102 mil e 88 euros.

Janeiro
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Marcelo Brito
JORNALISTA | Curioso assíduo, leitor obsessivo, escritor feroz e editor cuidadoso, um amante do desporto em geral e do futebol em particular.
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