Muralha do Castelo foi parcialmente desmontada
Cultura

Sete meses de intervenção Muralha do Castelo foi parcialmente desmontada

Na visita à empreitada em curso de Consolidação Estrutural e Reabilitação da Muralha e Ruína do Paço do Castelo, que se realizou ontem, foi recolocada a primeira pedra do pano da muralha. No decorrer da intervenção ao Castelo, a equipa de arqueologia encontrou vestígios de construções de ocupação medieval

O ex-líbris de Santa Maria da Feira encontra-se a ser intervencionado desde o passado mês de agosto. Volvidos cerca de sete meses de obra, a Câmara Municipal organizou, na manhã de ontem, quinta-feira, uma visita à empreitada em curso de Consolidação Estrutural e Reabilitação da Muralha e Ruína do Paço do Castelo, para fazer um ponto de situação e dar a conhecer os descobrimentos arqueológicos.

A sessão de boas-vindas coube ao vereador responsável pelo pelouro das Obras Públicas da Autarquia, Amadeu Albergaria, que fez questão de sublinhar que “estamos a preservar a memória que nos foi deixada e que queremos que se mantenha para as gerações futuras”. A empreitada foca-se, essencialmente, na intervenção sobre as muralhas do Castelo, especialmente nos panos voltados a sudoeste e noroeste, que apresentavam anomalias decorrentes da humidade e de irregularidades nas fundações.

“Esta primeira fase de recuperação consiste em três intervenções específicas: duas associadas à muralha do Castelo e outra à Praça de Armas. Face às fissuras, o pano da muralha estava muito deformado, o que nos levou a operar um trabalho de desmonte inédito: retirámos pedra a pedra, numeramos cada uma e guardámos de acordo com todos os requisitos técnicos. Mais tarde, serão devidamente repostas e o que queremos quando formos embora, é que se pareça como se nunca estivéssemos cá estado. Esta é a melhor maneira de preservarmos o passado”, explicou o arquiteto da equipa de projeto, Hélder Casal Ribeiro.

Em suma, a empreitada envolve operações de reconsolidação estrutural de muralhas e outros elementos estruturais do Castelo (Ruína do Paço), desmonte e reconstrução de panos de muralha, enquadramento arqueológico de toda a empreitada, drenagem diversas, execução de infraestruturas, derivadas das drenagens, impermeabilizações e acabamentos. No decorrer da atual intervenção, o trabalho arqueológico levado simultaneamente a cabo já possibilitou novas revelações. “A obra é uma oportunidade para fazermos novas descobertas. O espaço escavado permitiu-nos descobrir que terá havido um sistema de moagem ligado ao celeiro e que este espaço teve ocupação no século XVII. Apareceram vários vestígios de construções de ocupação medieval, que estão preservados e daqui a umas décadas poderão ser colocados à vista dos visitantes”, avançou o arqueólogo Ricardo Teixeira durante a visita.

2.ª fase da obra divulgada em breve

A recolocação da primeira pedra do pano da muralha coube ao presidente da Autarquia, Emídio Sousa, seguindo-se o vice-presidente Amadeu Albergaria e a presidente da Comissão de Vigilância do Castelo, Conceição Alvim Ferraz. As últimas palavras da manhã pertenceram ao edil. “Quando vimos as fissuras, entendemos que tínhamos de meter ‘mãos à obra’ para consolidar a muralha. Já se falava do processo de descentralização de competências e, a partir do momento em que a Câmara começou a ser proprietária do Castelo, entendemos que teríamos de dar um novo impulso. Havia muitos espaços com necessidade de obras”, introduziu Emídio Sousa, que almeja tornar o monumento “ainda mais bonito e atrativo”. Para tal, à primeira fase de obras suceder-se-á uma segunda. “Esta é a primeira fase, mas já estamos a preparar a segunda, que tornará as visitas ao Castelo mais interessantes. Nos próximos meses, faremos a apresentação e tenho a certeza de que os feirenses vão ficar satisfeitos”, referiu, não desvendado grandes pormenores sobre a próxima intervenção no Castelo de Santa Maria da Feira. Porém, Conceição Alvim Ferraz confidenciou uma vontade do presidente: “Quer que o Castelo passe a ter mobiliário”.

A intervenção em curso envolve um investimento que ascende os 600 mil euros e está integrada no projeto Estratégico de Conservação, Preservação e Valorização do Castelo de Santa Maria da Feira e sua envolvente. O Município pretende que mais áreas do Castelo se tornem visitais ao público, aumentando a atratividade geral deste património.

O final da empreitada está previsto para novembro de 2023, o que significa que, à semelhança do ano anterior, o espaço do Castelo voltará a ficar de fora da Viagem Medieval em Terra de Santa Maria.

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Márcia Soares
JORNALISTA | Licenciada em Ciências da Comunicação. A ouvir e partilhar as emoções vividas pelas gentes da nossa terra desde 2019.
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