Falta de habitação. Combate à desertificação
Opinião

Falta de habitação. Combate à desertificação

A falta de habitação é uma ‘grande oportunidade’ para combater a desertificação no interior do Concelho

Enquanto o Governo prepara um pacote de medidas que contempla reformas profundas no combate à falta de habitação em Portugal, eis que os eternos “Velhos do Restelo” vêm a terreiro, contestar essas necessárias mudanças inadiáveis na regulação do sector imobiliário. Para confundir a opinião pública, acusam que: – Toda a gente fala que há muitas casas vagas, mas ninguém sabe muito bem porque é que estas casas estão vagas ou porque é que não estão no mercado de arrendamento”. Esta manobra de diversão é desmentida pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) que cita nos resultados dos Censos 2021, que foram recenseadas como “vagas” cerca de 730.000 casas em Portugal. Uma realidade que a todos diz respeito… A nível concelhio, ninguém sabe da capacidade de casas que existem vagas.

Apesar disso, decorre no nosso município o Programa 1.º Direito, que vai contemplar 215 famílias, em resposta a 400 pedidos identificados. Além destes pedidos, as previsões dos responsáveis, apontam que são necessárias de mais de mil casas, para que todos os Feirenses tenham direito a um teto em condições dignas.

Com este diagnóstico, os Feirenses ficam “perplexos com as declarações” do Senhor Presidente da Câmara que assume que nos últimos 15 anos, o país não olhou para o problema da habitação como devia. Pergunta-se, o que esteve a fazer o município de S. Maria da Feira durante esse tempo? A que se deve a inércia municipal com a falta de terrenos para avançar com as candidaturas à construção de habitação a custos controlados? Como se justifica a “execução zero” desses parques habitacionais, que o município tanto necessita?

Delegar nos privados a resposta para estes problemas é uma grave irresponsabilidade, pois ninguém ignora que os interesses deles, regem-se por lucros obtidos com a máxima de especulação possível!… Aliás, está provado que a escassez de habitação, se deve aos preços elevados causados pela especulação imobiliária, dado que mais de 12% das casas em Portugal estão vazias. Confrontado com esta realidade, os responsáveis autárquicos, apressam-se em acenar com verbas milionárias para solucionar o problema da habitação do nosso concelho, que podem atingir os 50 milhões euros. Por seu lado, a “oposição na Câmara”, lembra que a construção de habitação a custos controlados era uma promessa eleitoral da sua candidatura.” É pouco, é preciso ir mais longe! É preciso que o município apresente um “projeto estruturante para o parque habitacional do município”, que resolva o problema da falta de habitação, mas de forma racional!…

Mas, como diz o povo, para grandes males, grandes remédios. Como tal, o Governo, os Municípios e as Juntas de Freguesia, devem transformar a actual crise na habitação, numa “oportunidade para combater a desertificação” sentida em algumas das Freguesias do nosso concelho.

Concretizando, “é preciso um projecto estruturante de interesse concelhio, que faça as Freguesias do interior em “crise demográfica”, em locais mais atractivos para as pessoas que trabalham nas zonas urbanas/industriais do nosso Concelho. Desta forma será mais fácil combater a preocupante desertificação sentida em muitas Freguesias, que nos últimos 10 anos, perderam entre 10-15% da sua população eleitoral…

Sabe-se que há muita procura de habitação, devido ao emprego que o concelho vai oferecendo, logo a aposta de promoção de loteamentos e habitações a custos controlados nas Freguesias em crise demográfica, será uma excelente receita, para resolver a falta de habitação e combater a desertificação, com a atração das pessoas para esses territórios.

Em nome da “coesão concelhia”, esta “oportunidade”, não pode ser desperdiçada, pois serve ainda de alívio à elevada pressão urbanística, que se sente nos centros urbanos! Só assim, se combate seriamente as quebras demográficas registadas em algumas das nossas Freguesias, que apresentam valores preocupantes, pondo em causa a coesão e identidade do nosso território.

Por último, fica um apelo, senhores autarcas, deixem de fazer promessas milionárias que cheiram a demagogia, pois não se vêm sinais, em que as populações possam acreditar.   

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António Cardoso

Antonio Cardoso
COLUNISTA
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