Carta Aberta
Opinião

Carta Aberta

Caro, Gustavo de Sousa Tavares Pé D’Arca,

como leitor interessado do Correio da Feira, da primeira à última página, tenho seguido com interesse os artigos de opinião que envia para o prestigiado jornal local.

Respeito a opinião que tem escrito, mas obviamente não concordo com grande parte do que escreve. É um direito que me assiste da mesma forma que é um direito que tem em pintar o concelho de Santa Maria da Feira com a cor que acredita ser a melhor.

O que me leva lhe dirigir estas linhas, reforço com o maior respeito pelo caro opinador, tem a ver com o seu texto sobre o ambiente.

Sou uma apaixonado pelo ambiente e sua defesa, como todos deveriam ser, mas olho para a temática fora do âmbito partidário, contrariamente à forma propagandista que alguns fazem por Santa Maria da Feira.

Se me permite, um exemplo de propaganda — recomendo que veja e ouça a declarações de uma jovem líder social-democrata na Assembleia Municipal que, na falta de argumentos, deu os parabéns ao executivo camarário pela belíssima poda das árvores.

Diz, no seu texto, que Município tem feito diversas ações e iniciativas sobre o ambiente para educar a população sobre a sua defesa. Passa depois a listar o conjunto de iniciativas que leu que a Câmara Municipal executou: ‘Nós e a Biodiversidade’, ‘Hora do Planeta’, ‘Biodesafios em Casa’, ‘Descobrir a Biodiversidade’, ‘Planear o Futuro’ e ‘Semear Conhecimento’.

Relativamente a todos estas ações, tirando a ‘Hora do Planeta’ — que é uma iniciativa mundial —, nunca tive conhecimento de onde se realizaram, dias e horários. Resido em Santa Maria da Feira faz agora 22 anos e só sei delas, atualmente, porque aparecem num documento copy/paste apresentado pela Câmara Municipal em Assembleia Municipal que é o documento de prestação de contas do Município.

O que me deixou mais triste foi a menção que fez à Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas (EMAAC), aprovada em 2019. Sim, deixou triste e eu explico. Este documento foi de facto aprovado e depois publicado pela Câmara Municipal. Nele são apresentadas um conjunto de medidas para a adaptação municipal às Alterações Climáticas. No entanto, desde essa data, o documento não mostra o que foi feito e o que falta fazer. Visivelmente, tivemos ultimamente uns postos de carregamento para veículos elétricos e as lâmpadas Led. Não se sabe onde estão as medidas de promoção da economia circular, a redução dos consumos energéticos com aposta na energia solar e outras que ficaram por 2019.

Poderia escrever também sobre o evento ‘Guardiãs do Castelo’ e falar-lhe do Ecossistema Fluvial do Uíma, mas isso não teria espaço numa só página para a explicação.

Para terminar, peço-lhe que ajude nas ações ambientais que todos podemos fazer. Falo-lhe de ações porque o meu caro enumerou documentos, conferências e colóquios. Sim, sigo as palavras também do jovem líder social-democrata na Assembleia Municipal: “devemos arregaçar as mangas e agir, não perdendo tempo em propaganda, conversas, papeis e burocracia”.

Espero que mantenha todo esse entusiasmo no envio da opinião para que eu possa continuar a discordar de si.

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Daniel João Santos
COLUNISTA
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