Carlos Branco esclarece tudo sobre a ‘recompra’ da SAD
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Carlos Branco esclarece tudo sobre a ‘recompra’ da SAD

Em entrevista exclusiva ao Correio da Feira, o ‘homem-forte’ do S. João de Ver esclareceu os pormenores do seu regresso à SAD. Confirma que Filipe Gonçalves não vai ser o treinador e que o ‘novo’ será apresentado amanhã, aponta à mudança de paradigma no clube, focando-se em descobrir “jogadores jovens e baratos”, e a uma forte aposta na formação

CF – Confirma a recompra da SAD do S. João de Ver à empresa de Gus Laredo?

Carlos Branco – Há que esclarecer a situação. Depois da descida de divisão, o grupo americano do Gus Laredo teve de rever o investimento e a continuidade, ou não, em Portugal. Fizemos várias reuniões nesse sentido, de explorar possibilidades. Competir no Campeonato de Portugal não é a mesma coisa que competir na Liga 3. Podemos chamar recompra, mas a palavra é um forte… não havia grandes alternativas. Havia uma, de saírem e deixarem de investir por opção própria, com a possibilidade de a equipa nem competir; e segunda solução era a continuidade do S. João de Ver com a minha permanência.

Não estava de todo ‘virado’ para essa permanência, por motivos profissionais. É preciso muito tempo para o futebol e já tinha decidido, há mais de um ano, que iria abandonar. Não tinha perspetiva de continuar, mas tive de tomar essa decisão, em prol da continuidade do clube, porque possivelmente podia não acontecer. Cheguei a um acordo com Gus Laredo, que é confidencial, para uma recompra ou regresso, como queiram chamar, ao S. João de Ver, para que se possa continuar a trabalhar.

A preparação da época já decorria e Filipe Gonçalves ia ser o treinador, mas está de saída.

Apanhei o projeto já muito ‘lançado’. Havia uma estrutura a tratar da próxima época e havia a possibilidade do Filipe Gonçalves ser o treinador. O barco já estava a andar. Todo o staff já estava preparado para iniciar os trabalhos no dia 10 [segunda-feira]. Depois de este negócio se ter concretizado, tivemos de pôr mãos ao trabalho, ver o que estava feito até agora, bem ou mal, isso não nos compete julgar, porque não era da nossa responsabilidade, e da parte do treinador, pré-escolhido pela antiga gestão, nada tenho contra, até porque não o conheço, mas não fazia parte daquilo que está pensado o S. João de Ver.

E o que é que está a ser pensado para o S. João de Ver? Qual o projeto para 2023/24?

Tem de haver uma aproximação SAD-Clube. Temos de nos sentar com o clube e com a Autarquia, porque temos de trabalhar no sentido de um clube só. Nunca houve desavenças entre SAD e Clube, houve sempre uma relação cordial, mas temos de passar a outra velocidade, no sentido da melhoria das infraestruturas. Há um trabalho de fundo a fazer.

O objetivo é… o que faz mais sentido: valorizar a formação. Posso adiantar que quatro ex-juniores vão ficar no plantel [sénior]. Esse é o caminho. Com tudo o que passámos, a nível de custos na Liga 3, e de Campeonato de Portugal, e como não há praticamente ajudas da Federação [Portuguesa de Futebol], o futuro passa por descobrir jogadores jovens e baratos, para proceder às mais-valias nos próximos anos; e dar valor à formação. Sem isso, os clubes não conseguem sobreviver. Será a linha traçada para 2023/24.

Quais os objetivos desportivos?

Não vamos falar de projeções ou objetivos, nesta fase não faz sentido. Iremos atrasar o início da pré-época em dois ou três dias. Uma das razões do meu regresso é dar valor à formação. Temos de dar oportunidade aos jogadores de chegarem à primeira equipa, para que tenham oportunidades de jogar e mostrar o seu valor. Foi o que me motivou a regressar.

Já há treinador definido?

Já. Será apresentado amanhã [sábado, dia 8 de julho; Correio da Feira inteirou-se, após a realização da entrevista, tratar-se de Pedro Machado, ex-Anadia].

A estrutura para o futebol sénior vai sofrer reformulação?

Sim. Como em qualquer clube, a descida de divisão não foi fácil, nem para jogadores, estrutura ou administração. Tínhamos uma excelente equipa, e a prova é que muitos jogadores vão continuar em clubes da Liga 3, havia qualidade, o trabalho não foi mal feito, mas infelizmente o futebol é assim. Faltou uma ‘pontinha’ de sorte. Aproveitando esta mudança e este novo paradigma, com foco na formação, vai haver uma remodelação geral na estrutura.

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Marcelo Brito
JORNALISTA | Curioso assíduo, leitor obsessivo, escritor feroz e editor cuidadoso, um amante do desporto em geral e do futebol em particular.
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