A Feira pode ser o que nunca foi
Opinião

A Feira pode ser o que nunca foi

O laranjal comanda os destinos do Concelho com mais habitantes do distrito de Aveiro há demasiado tempo. Desde 1976 que o PSD está à frente dos destinos de Santa Maria da Feira, que permanece estagnada e sem dinamismo, marcas das políticas arcaicas e sem visão de futuro dos decisores políticos das últimas décadas.

Anos de laxismo, desinvestimento, negócios e decisões erradas, associações vincadas com instituições conservadoras e reacionárias, falta de estratégias de desenvolvimento e tantos outros erros, fizeram com que hoje vivamos num concelho onde a qualidade de vida está pelas ruas da amargura. Santa Maria da Feira é um dos concelhos onde se paga a água mais cara do país, onde a taxa de esforço para ter um teto está acima da média nacional, onde a grande maioria dos cidadãos não tem transportes públicos, onde os parques infantis são escassos e onde a maioria do emprego é baseado em mão de obra barata.

Vivemos num concelho onde a câmara prefere dar 25 mil euros para viagens para a Jornadas Mundiais da Juventude (num estado laico) ao invés de acabar com as barreiras arquitectónicas que todos os dias assombram as pessoas com mobilidade reduzida. Emídio Sousa prefere se gabar de meia dúzia de arruamentos – que pecam por tardios – e celebrar euforicamente inaugurações de colocação de novos pisos ao invés de concretizar de uma vez por todas um Centro Coordenador de Transportes a sério.

Enquanto noutras freguesias de outros concelhos se debate o número de casas a custos controlados que já existem e quantas devem ser feitas, em Santa Maria da Feira fala-se de números sem fundamentos e de promessas vazias sobre um assunto que a Câmara sempre ignorou, apesar dos demais alertas da oposição ao longo dos anos.

As novas gerações estão ainda cansadas de viver num Concelho só com duas escolas secundárias, sem um único parque desportivo decente, sem espaços públicos de lazer e sem respostas de locomoção para quem não tem um transporte individual e dinheiro para o respectivo combustível. Os mais velhos queixam-se de falta de políticas de combate ao isolamento da pessoa idosa e os adultos da falta de equipamentos e serviços públicos funcionais.

É este o legado da Direita maioritária em Santa Maria da Feira: um concelho parado no tempo, sem visão de futuro e com problemas estruturais nas demais esferas da gestão pública. Mas ao que tudo indica, este não é o concelho onde Emídio Sousa vive, pois quem ouve as suas declarações só consegue constatar que o nosso presidente vive no mundo do faz de conta. Declarações sem fundamento, dados sem fonte de informação alguma e inverdades são apenas alguns exemplos da forma como o maioral laranja atua no exercício das suas funções.

Mas já dizia Antônio Gedeão que: “Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida e que sempre que o homem sonha o mundo pula e avança”. E quão perto estamos do sonho! É tempo de reforçar esforços para uma verdadeira mobilização de oposição que acabe com este ciclo de gestão ruinosa do PSD. Hoje, mais do que nunca, precisamos de alternativas democráticas capazes e com massa crítica pronta e preparada para as demais disputas sociais e políticas. É tempo de arregaçar as mangas. A Feira não só pode, como vai ser, o que nunca foi.

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Eduardo Couto

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COLUNISTA
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